-
Arquitetos: NISHIZAWAARCHITECTS
- Área: 340 m²
- Ano: 2017
-
Fotografias:Hiroyuki Oki
-
Fabricantes: Acor, American Standard, Toto
Descrição enviada pela equipe de projeto. Localizada em um subúrbio da cidade de ChauDoc, na província de Anghiang, no sul do Vietnã, esta casa é uma residência compartilhada por 3 famílias parentes. Embora o orçamento deste projeto tenha sido apertado, apenas nos permitindo construir com delgados painéis metálicos corrugados, buscamos refletir não apenas o espírito regional, mas também o típico estilo de vida de viver praticamente em jardins ao ar livre, cheios de vegetação, iluminação e ventilação natural.
Distante cerca de 7 horas de ônibus e ferry da cidade de HoChiMinh, ChauDoc, uma cidade vizinha fechada à fronteira cambojana, foi desenvolvida ao longo de um braço do rio Mekong. Passeando pelos arredores do terreno, pudemos reconhecer facilmente as várias camadas que refletem os aspectos típicos regionais. A primeira camada é representada por centenas de casas flutuantes no rio; a segunda, por estradas ao longo das margens do rio que se tornam as vias principais de tráfego para a sociedade local; a terceira camada é composta por uma abundância de casas em pilotis espalhadas a partir de extensões das estradas por pequenas pontes privadas, e a quarta e última camada é verde, o verde dos bonitos campos de arroz que se estendem até perder de vista. Geralmente, as casas em pilotis nesta área são principalmente compostas por colunas de pedra ou de concreto no térreo e estruturas de madeira flutuantes envoltas em delgados painéis metálicos corrugados. Com a limitação da altura da coluna para elevar as casas sobre as águas da inundação e as dimensões mínimas da estrutura de madeira que remetem aos hábitos cotidianos de sentar no chão, pudemos compreender a escala humana e delicada dessas casas locais. E quanto mais nos aproximávamos do seu modo de viver, melhor entendíamos o severo ambiente natural com que eles tinham que lidar, como quando todos os níveis térreos, exceto as estradas, costumavam ficar inundados anualmente de 4 a 5 meses durante a estação chuvosa, até muito recentemente, quando completaram os aterros de concreto. Qualquer um que visite essa área consegue reconhecer que eles souberam coexistir com a grande Mãe Natureza por muito tempo.
Por outro lado, ironicamente, descobrimos que a vida cotidiana deles se tornou instável e desorganizada, especialmente após mudanças drásticas recentes com a eliminação das inundações que traziam tantos inconvenientes. Uma evidência aparente é que quase todos os habitantes abandonaram o nível térreo de suas casas, ali acumulando lixo ou excreções de seus animais domésticos, como porcos, gansos e galinhas. Por si só, este fato já conseguiria indicar um estado precário das habitações, já que essas casas possuem tetos muito baixos, sem isolamento, e janelas muito pequenas para ventilação. Anteriormente, as inundações na estação chuvosa eliminaria todos os excrementos acumulados na estação seca, e a água seria útil para diminuir a temperatura geral também.
Com base nas condições mencionadas acima, buscamos incorporar os costumes regionais, como a utilização de materiais, técnicas e mão de obra locais, assim como os métodos de construção, tanto quanto possível, exceto por três novas intenções arquitetônicas, descritas abaixo:
1. Transformar a forma do telhado convencional num telhado borboleta para abrir o espaço interior para o ambiente circundante e, em seguida, cobrir todo o terreno com três telhados borboleta em diferentes alturas.
2. Utilizar janelas metálicas pivotantes nas grandes aberturas, entre cada telhado e na fachada, para possibilitar o ajuste da quantidade de iluminação e ventilação natural.
3. Substituir todas as paredes sólidas internas por paredes divisórias móveis para criar um grande espaço contínuo.
Estes três princípios arquitetônicos buscam claramente conceber espaços contemporâneos semi-abertos e com elementos naturais, como a luz natural, o vento, a água, o solo e a vegetação. No entanto, ao mesmo tempo, a preservação dos costumes regionais dentro da casa também era uma questão importante para nós, como o hábito de sentar no chão, o respeito pela escala humana e a utilização de estruturas de madeira apoiadas em colunas de concreto. Houve também uma preocupação com a forma externa, que buscou se misturar com o entorno e, ao mesmo tempo, se destacar por linguagens arquitetônicas modernas.
Hoje em dia, no Vietnã, o estilo de habitação urbana está começando a se espalhar até as áreas rurais e mudar suas culturas, paisagens e estilos de vida únicos de suas próprias regiões. (Inclusive, um edifício de 5 andares já está em construção no terreno adjacente). Este é um dos assuntos emergentes para nós, arquitetos vietnamitas: propor modos de vida alternativos e contemporâneos, incorporando nossa cultura original sem ignorar o espírito regional.
Nota: Publicado originalmente em 05 de setembro de 2017